Pergunta (participante Alexandra): No meu território, os equipamentos públicos estão sobrecarregados. Diante dessa realidade, a família que acompanho está necessitando de suporte. Enquanto instituição, já utilizei todos os recursos disponíveis ao meu alcance como profissional, e agora preciso do apoio da rede. Não posso perder essa família. Como dar sequência a esse caso? Enquanto assistente social, essa situação me causa frustração, pois reconheço a urgência da demanda e, ao mesmo tempo, me vejo limitada diante da falta de respostas efetivas. Resposta - Raum Batista: Alexandra, este seu sentimento vejo muitas semelhanças com os sentimentos dos profissionais do SUAS de muitos municípios. Reconhecer que o SUAS é uma política que recebe baixo investimento do orçamento público pode colaborar com a autocobrança do senso de herói. Uma família que está em vulnerabilidade recebe serviços precarizados, que também estão em vulnerabilidade. Gosto da ideia de como podemos, junto com as famílias, pensar coletivamente propostas de superação de violência, de vulnerabilidade social, riscos pessoais e sociais, para assim criar coletivamente documentos, produzir manifestos, realizar um fazer prático de ações que denunciem estas violências, que muitas vezes são estatais. Também nesses encontros coletivos, podemos reconhecer as habilidades das famílias que, há anos, vivenciam situações desumanizadas e que encontram humanidade nas suas relações e afetos de cuidado comunitário e superações. E, para finalizar: que tipo de ações podemos produzir para dizer aos demais serviços, governo, justiça, sociedade o que precisaremos para superar de uma vez por todas estas situações de violência na sua comunidade? Acredito que, dessa forma, o trabalho se tornará menos frustrante. Ao contrário: vai te engajar na mudança estrutural para a garantia dos direitos sociais.